16 de jan. de 2010

O Haiti, o mundo e a reação

Fico feliz em saber que por mais que toda tragédia abale, estruturalmente, a psique e o corpo físico dos seres humanos, é fato de que ela também, de certa forma nos torna, altruístas. Reconhecemo-nos na pele de nossos irmãos em toda e qualquer circunstância fatídica, a exemplo do último acontecimento catastrófico ocorrido no dia 12 de janeiro, no Haiti. E é nesse cenário devastador que reagimos quase que instantaneamente, munidos pela dor e pela ânsia de amenizar esse sofrimento de nossos semelhantes, que foram invadidos de forma tão cruel e inesperada pela força da natureza. Mas há outro tipo de natureza no ser humano que é despertada e que nos comove: a sensibilidade.
Pela manhã, costumo ler as notícias pela Internet e o primeiro trecho que me chamou a atenção foi:
*“(...) As doações em dinheiro partem de todos os cantos e pode superar a cifra de meio bilhão de dólares (...)”, na ajuda ao Haiti. Por isso quando anteriormente citei que toda tragédia abala, mas também de fato ela nos torna, altruístas, é porque ela nos faz refletir sobre o sentido da dor, a fragilidade do ser humano diante de situações que estão acima de toda e qualquer capacidade de controle, porque nos é mais forte.
Pudéramos nós, seres humanos dotados de tanta sensibilidade e comoção sermos assim na totalidade de nossos dias. Quantas tragédias poderiam ser evitadas e quantas, ainda assim, por forças naturais, alheias à nossa vontade, ocorressem, mas de forma que não nos acometessem tão tragicamente, pois, antes de tudo, fomos zelosos uns com os outros, nos tornamos fortes na consciência e na moral. Ajudamos estruturalmente países mais pobres a se consolidarem, nos tornamos aliados, deixamos de lado certas rusgas e ganâncias pelo poder e nos concentramos na união, na solidariedade e, sobretudo no amor.

Fonte de imagem: http://www.eiunewman.org/haiticonnection/index.html

Texto de autoria de Luciana Tannus

2 comentários:

Marcos Vinicius Gomes disse...

É improvável haver solidariedade de governantes dos países ricos que, após séculos de exploração de colônias americanas, continuam o martírio humanos destas nações, seja pelo subjugo econômico que traz atraso em diversas áreas, seja pela omissão ante a culpabilidade história de que são detentores...
Mas como diz genial (sic) sociólogo Demétrio Magnoli, talvez o Haiti tenha abrigado um tipo de 'escravidão democrática', assim como houve no Brasil (na sua opinião)

Luciana Tannus disse...

Olá Marcos, tudo bem? Concordo que seja improvável sim. Mas, não me importa o que doam, se por um acaso for por conviniência ou por interesse. O que me interessa é que nesse momento essa doação veio a calhar, pois é um momento muito difícil para os haitianos e essa quantia pode amenizar um pouquinho as questões materiais, em termos de suprir as necessidades imediatas. Visto que, de forma alguma irá suprir as necessidades piscicológicas desse povo. Não podemos generalizar os fatos totalmente, afinal, a contribuição não partiu somente de governos ricos, mas de ativistas, pessoas conscientes e também de pessoas que se sentiram sensibilizadas pela dor de nossos irmãos, e de pessoas como nós, reles mortais. Certamente, é preciso reconhecermos atitudes boas, de vez em quando, faz bem ao coração. O que não podemos deixar é que a política antidemocrática e a imoralidade do mal uso do poder, nos cegue de vez, impedindo que nós discirnamos frutos bons em meio a tanta podridão.

Um abraço.